São tantas mídias, tantos papéis, notas de rodapé, que
Tenho quase esquecido o papel de carta, o personagem despretencioso que é o guardanapo. Uma caneta nova, uma música descoberta que chega por acaso e embala ideias. Tenho um jardim que deixei de visitar. Epicuro não me culparia, ele veio antes da culpa e do pecado baterem à nossa porta; mas tanto ele quanto eu poderíamos lamentar. Epicuro tinha seu jardim, não sei se ele pode ter algo a ver com isso – eu é que acho que tenho que o rever. Eu só tenho telas ou janelas. Será sempre melhor fechar os olhos.
Ouço um tango tocado com violão. Escrevo um poema, uma receita e uma carta enquanto escrevo cá.
Descobri que sei fazer cimento porque já sabia cozinhar. Eu sei escrever porque antes aprendi a desenhar. Eu viajo perseguindo fantasmas de escritores, porque já sabia valsar no silêncio. Tenho ouvido falar demais; de mais preços e mais crimes, índices que nos matam de fome, entre castigos a nos matarem de sede. Tenho lamentado a pouca prosa. O sinal sem fio é maldoso com as saudades de longa distância, longa data. Eu quero meus laços bem atados, como nós, como nós sempre fomos. Quero o passado reativo, mas não.
Há coisas incontroláveis tão obviamente espalhadas, seria uma pena misturá-las na tentativa de impor uma crença de que poderiam estar pacificamente encaixadas e que vale uma vida fingir ser tão racional…